segunda-feira, 28 de maio de 2012

O pecado da minha geração.

  É essa a lamentação que mais escuto dos amigos entre 20-30: estão se relacionando com um ser incomunicável, indecifrável, idiossincrásico. Vejo muito mais uma era de relacionamentos com desenho do espectro autista do que narcisista. Pelo menos na geração em que estou mergulhada. Interação social comprometida, linguagem comprometida e algumas estereotipias que a gente vê e não entende muito bem.
Nascer autista obviamente não tem nada de pecado, mas construir uma máscara com características muito parecidas com os três elementos necessários pra se chegar ao diagnóstico do autismo é pior que pecado, é uma punição a si próprio e não  Deus algum, foge do tema dos "sagrados pecados". É um pecado por ser triste, triste deixar de lado tantas possibilidades que poderiam ser e não foram. Por que isso está acontecendo tanto? Não sei. Dói ver uma geração deixando de lado a ousadia e a coragem de se entrelaçar sem tantos medos e pavores do outro que chama pelo desejo e pela possibilidade de amar de fato. Impossível conhecer uma alma dia a dia e se encantar por ela se a mesma insiste em querer brincar de ser autista. É isso, brincar de ser autista sim é um pecado, e não vejo nada de sagrado.

2 comentários:

  1. O que me espanta é a falta de confiança que os relacionamentos tem hoje em dia. Acho que o autismo vem daí. A pessoa cria uma máscara para ao invez de se entregar ao outro, simplesmente finge-se que não está ali presente, que está em outro mundo.

    Mas sua grande maioria não percebe que outro existe ainda mais um mundo, um mundo tão melhor e que para se alcançar voce tem de se permitir levar atë lá.

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  2. concordo, Felipe. as razões pra isso... podem gerar muitas e muitas interessantes conversas.

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