É essa a lamentação que mais escuto dos amigos entre 20-30: estão se
relacionando com um ser incomunicável, indecifrável, idiossincrásico. Vejo muito mais uma era de relacionamentos com desenho do espectro
autista do que narcisista. Pelo menos na geração em que estou mergulhada. Interação social comprometida, linguagem comprometida e algumas estereotipias que a gente vê e não entende muito bem.
Nascer autista obviamente não tem nada de pecado, mas construir uma máscara com características muito parecidas com os três elementos necessários pra se chegar ao diagnóstico do autismo é pior que pecado, é uma punição a si próprio e não Deus algum, foge do tema dos "sagrados pecados". É um pecado por ser triste, triste deixar de lado tantas possibilidades que poderiam ser e não foram. Por que isso está acontecendo tanto? Não sei. Dói ver uma geração deixando de lado a ousadia e a coragem de se entrelaçar sem tantos medos e pavores do outro que chama pelo desejo e pela possibilidade de amar de fato. Impossível conhecer uma alma dia a dia e se encantar por ela se a mesma insiste em querer brincar de ser autista. É isso, brincar de ser autista sim é um pecado, e não vejo nada de sagrado.